19 Nov DIA DA PROVÍNCIA – 19 Novembro de 2019 (Seminário da Luz)
A comemorar o Dia da Província dos Santos Mártires de Marrocos de Portugal – 19 de novembro de 2019 – fundada há 128 anos, os irmãos da Fraternidade da Imaculada Conceição à Luz, com outros vindos de outras fraternidades, juntaram-se em celebração festiva de louvor e gratidão a Deus pela sua vida já mais que centenária.
Às 11h00 celebrou-se a Eucaristia solene de louvor e gratidão, na igreja da fraternidade, a que presidiu o Ministro Provincial, Frei Armindo Carvalho e concelebraram muitos irmãos, incluindo o Bispo Emérito D. António Montes Moreira.
Terminada a Eucaristia, todos, mesmo paramentados, se dirigiram ao “Memorial” da Província, situado no Jardim da Fraternidade.
Aí foram evocados os irmãos falecidos desde 2015, em número de 22, colocando uma vela à volta do lago do Memorial, por cada um que foi lembrado e cantando o louvor da sua vida.
A terminar, o Bispo Emérito D. António Montes, em nome de toda a Província, depositou uma coroa de flores no lago do Memorial, fez-se uma visita ao interior do mesmo Memorial. Para louvor do Senhor, Deus da VIDA.
Frei Armindo Carvalho, Ministro Provincial
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Homilia proferida pelo Ministro Provincial na Eucaristia.
Celebramos 128 anos da existência desta Província Franciscana dos Santos Mártires de Marrocos de Portugal.
Longa, já de oito séculos, quase ininterruptos (não foram os Decretos de expulsão das Ordens Religiosas, de 1834, e, depois, da implantação da República, em 1910 com o mesmo movimento), a história dos filhos de São Francisco – franciscanos – em Portugal, continental, insular e ultramarino, é uma verdadeira epopeia de missão evangélica. Implantaram a maior rede de conventos no País, e lançaram-se, ao mesmo tempo, pelos Países de expressão portuguesa.
Uma história que floresce rapidamente, graças à mentalidade acolhedora do povo português e, sobretudo, à força evangelizadora de Cristo: “Ide e pregai o Evangelho”.
Na intuição e sensibilidade de São Francisco a vida humana não tem sentido, nem qualquer valor duradoiro, a não ser pela vivência do Evangelho: lição eterna do Deus Eterno, que criou o homem para ser eterno como Ele.
Após a expulsão, e tendo em conta o grande número de frades desejando o regresso à vida franciscana fraterna, o Ministro Geral, Frei Luís de Parma, procedeu à restauração da Província de Portugal, por Decreto de 18 de Outubro de 1891. Esse decreto foi posto em prática um mês depois, sendo seu primeiro Ministro Provincial Frei Domingos Sanches.
Os primeiros 20 anos que seguiram foram de consolidação e expansão, apesar das condições políticas pouco favoráveis.
Mas o “Evangelho não pode ficar encadeado”, pois isso, a expansão franciscana prosseguiu em todos estes séculos que nos precederam, contando-nos a história da construção de mais de duas centenas de conventos. Hoje, uns já desaparecidos, outros transformados e outros falando ainda com as suas ruinas em abandono.
A história tem os seus ritmos próprios e o movimento franciscano multissecular não se isolou do ritmo da história. Toda a história é edificante, sobretudo quando ligada ao Senhor da Vida e da História. Linda a história franciscana, ontem como sempre actual na sua vivência e mensagem.
Hoje, mais interpelante, como nos disse o saudoso Papa S. João Paulo II, dirigindo-se aos Consagrados na Igreja: “Vós não tendes apenas uma história gloriosa para recordar e narrar, mas uma grande história a construir! Olhai para o futuro, para o qual vos projecta o Espírito, a fim de realizar convosco ainda coisas maiores”.
Compete a nós, no hoje que somos e temos, na sociedade que integramos, discernir os sinais dos tempos e escrever a história do Espírito que é eterna, mas que hoje conta connosco.
Recordamos São Paulo: «não ambicionamos atingir metas de perfeição, mas continuar a correr, pensando numa coisa: esquecendo o que fica para trás, lançarmo-nos para a frente corajosamente» (Filip. 3,8). E a Bíblia, por mais de 300 vezes nos adverte: “Não tenhais medo, eu estou convosco, não temais” Certos de que “o mundo está sempre por fazer” e somos nós hoje a fazê-lo. Mas, porque servos e não donos, lembra Jesus: “quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer”. (Lc. 17,10). Certo também que, como diz S. Paulo (2 Cor. 4,7-15): “trazemos em vasos de barro o tesouro do nosso ministério, para que se reconheça que um poder tão sublime vem de Deus e não de nós; diz a Escritura ´acreditei e por isso falei’; tudo isto é por vossa causa, para que uma graça mais abundante multiplique as acções de graças, para glória de Deus”.
Passados que foram 128 anos ininterruptos de vida desta nossa Família Provincial, é oportuno perguntarmo-nos sobre a nossa adesão ao ideal que abraçámos e o modo como hoje o vivemos. Ser franciscano não é apenas uma disposição de alma, mas um estado de vida! Como é ela?
Fala-se muito hoje em crise. E essa é essencialmente de identidade: atinge o espírito, a moral e a comunhão social da vida contemporânea.
Certos que a nossa missão não é salvar o mundo, aparentemente moribundo, mas viver, fielmente e sem compromissos, a fé que recebemos de Cristo e que nos levou a uma consagração evangélica franciscana para toda a nossa vida.
Rezarei convosco: “Altíssimo, Omnipotente e Bom Senhor, nós te damos graças pelo dom da nossa vocação franciscana, e pela história que o Espírito, desde Francisco, foi escrevendo ao longo de oito séculos de vida franciscana, em Portugal e no mundo. Infunde em nós o mesmo Espírito, para que saibamos ler os sinais dos tempos e dos lugares onde nos chamas, e deixemos que escrevas, também hoje, novas páginas de graça. Ámen!”
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