16 Mai Semana Laudato si’
com nove versões portuguesas do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis
Foi há oitocentos anos que o poeta de Assis compôs aquele que é um dos mais conhecidos poemas religiosos de todos os tempos: o Cântico do Irmão Sol ou Cântico das Criaturas. Há cinco anos, o Papa Francisco inspirou-se nele para escrever a encíclica Laudato si’, sobre o cuidado da casa comum.
Para celebrar os cinco anos deste documento papal, entre os dias 16 a 24 deste mês de maio de 2020, várias iniciativas vão contribuir para, uma vez mais, nos focarmos no atualíssimo cuidado da casa de todos, sobretudo no que de mais frágil nela existe.
Esta proposta dos franciscanos portugueses consiste no contacto com o texto de São Francisco, a partir de nove versões portuguesas diferentes (duas são paráfrases), uma para cada dia.
A primeira é de Frei Mário Branco, o maior poeta franciscano português do século XX, sendo de realçar a sua obra póstuma Sonetos (2002). Segue-se a de um outro franciscano da primeira metade do século XX, Frei Aloísio Tomás Gonçalves, autor de uma Vida de S. Francisco de Assis (1928).
Quatro são de alguns dos protagonistas do movimento franciscanófilo português da primeira metade do séc. XX: Jaime de Magalhães Lima, Severo Portela e Afonso Lopes Vieira, que participaram no volume Em louvor de S. Francisco (1927), e de Júlio Eduardo dos Santos, autor de S. Francisco de Assis. Versão dos seus opúsculos… (1927).
Segue-se a de Frei Fernando Félix Lopes, franciscano, historiador e escritor; tradutor dos Opúsculos de S. Francisco (1968); e autor da biografia O Poverello S. Francisco de Assis (1951), com várias edições ao longo da segunda metade do século XX.
As últimas são de dois grandes poetas portugueses dos nossos dias: Jorge de Sena e Pedro Tamen, exemplo, entre muitos outros, dos que se inspiram no poeta de Assis.
Esta é uma seleção entre muitas versões disponíveis na língua portuguesa. S. Francisco disse este poema no seu dialeto materno (italiano antigo). Desta forma começou a ser divulgado e depois traduzido para latim. Frei Marcos de Lisboa, no século XVI, terá sido um dos primeiros que o traduziu para português e o publicou.
No Cântico das Criaturas se concentra o essencial do legado de São Francisco. Lendo fontes do séc. XIII, Frei Fernando Félix Lopes afirma: «o Cântico do irmão Sol foi o sermão novo que o Santo mandou a seus frades pregar pelo mundo inteiro, a fraternizar a humanidade toda num coro de ação de graças, a conquistá-la para o amor de Deus».
- Cântico das Criaturas de S. Francisco de Assis
Tradução de Frei Mário Branco, o maior poeta franciscano português do século XX. De realçar a sua obra póstuma Sonetos (2002).
Altíssimo, omnipotente, bom Senhor,
a Ti pertencem os louvores, a glória, a honra e toda a bênção.
A Ti só, Altíssimo, se hão-de prestar
e nenhum homem é digno de pronunciar o Teu Nome.
Louvado sejas, ó meu Senhor, com todas as Tuas criaturas,
especialmente meu senhor o irmão sol
que faz o dia e nos dá a luz.
E ele é belo e radiante com grande esplendor;
de Ti, ó Altíssimo, nos traz imagem.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã lua e as estrelas;
no céu as formaste, claras e preciosas e belas.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão vento
e pelo ar e a nuvem e o sereno e todo o tempo
pelo qual sustentas as Tuas criaturas.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã água
a qual é muito útil e humilde e preciosa e casta.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão fogo
pelo qual alumias a noite
e ele é belo e alegre e robusto e forte.
Louvado sejas, ó meu Senhor, por nossa irmã a mãe terra
que nos alimenta e governa
e produz variados frutos e flores coloridas e erva.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pelos que perdoam, por amor de Ti
e suportam enfermidade e tribulação.
Bem-aventurados aqueles que as sofrem em paz,
pois que por Ti, ó Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, ó meu Senhor, por nossa irmã a morte corporal
da qual nenhum homem vivente pode escapar;
ai daqueles que morrerem em pecado mortal.
Bem-aventurados aqueles que se tiverem conformado
com a Tua santíssima Vontade,
porque a morte segunda lhes não fará mal.
Louvai e bendizei ao meu Senhor e dai-Lhe graças
e servi-O com grande humildade.
- Cântico das Criaturas de S. Francisco de Assis
Tradução de Frei Aloísio Tomás Gonçalves, franciscano da primeira metade do século XX, autor de uma Vida de S. Francisco de Assis (1928).
Altíssimo, omnipotente, bom Senhor,
A ti o louvor, a glória, a honra e toda a bênção.
A ti só, Altíssimo, convém,
E nenhum homem é digno de pronunciar teu nome.
Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas,
E especialmente o senhor irmão sol,
Que faz o dia e por quem tu nos alumias.
E que é belo e radiante com grande esplendor.
De ti, Senhor Altíssimo, nos traz a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã lua e estrelas,
Que no céu tu criaste claras, preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor, por nosso irmão vento,
Pelo ar e pelas nuvens, pelo sereno e todo o tempo,
Por quem a tuas criaturas dás o sustentamento.
Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã água,
Tão útil e humilde e preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo,
Por quem tu iluminas a noite.
E ele é belo e jucundo e corajoso e forte.
Louvado sejas, meu Senhor, por nossa mãe soror terra,
Que nos sustenta e nos governa,
E produz diversos frutos e coloridas flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam
Por teu amor, e suportam enfermidade e tribulação;
Bem-aventurados os que sofrem em paz,
Que por ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã a morte corporal,
De quem nenhum vivente pode escapar.
Ai de quem morrer em pecado mortal;
Bendito o que estiver em tua santíssima vontade,
Porque a morte segunda lhe não fará mal.
Louvai e bendizei a meu Senhor, e rendei-lhe graças,
E todos servi-o com grande humildade.
- Cântico das Criaturas de S. Francisco de Assis
Tradução de Jaime de Magalhães Lima, um dos protagonistas do movimento franciscanófilo português da primeira metade do séc. XX, que participou no volume Em louvor de S. Francisco (1927).
Altíssimo, omnipotente, bom Senhor!
São teus o louvor, a glória, a honra e toda a bênção
a ti só, ó Altíssimo, os devemos;
homem algum merece nomear-te.
Louvado sejas, Senhor!
E, contigo, louvado seja quanto tu criaste.
Louvado seja, mui especialmente,
o senhor Sol, nosso irmão.
Por ele é que tu nos dás a luz do dia,
é por ele que tu nos iluminas;
e com grande esplendor
é radiante e é belo.
É por ele, Senhor, que aos nossos olhos
tu nos és revelado.
Louvado sejas, Senhor!
pela irmã Lua
e pelas estrelas que no céu formaste,
preciosas e belas e claras.
Louvado sejas, Senhor!
pelo irmão vento,
pelo ar, pela nuvem, pelo céu sereno e todo o tempo,
pelo qual às tuas criaturas dás sustento.
Louvado sejas, Senhor!
pela irmã água
preciosa, casta, humilde e muito útil.
Louvado sejas, Senhor!
pelo irmão fogo
que alumia a noite,
e é belo e é alegre, e forte e corajoso.
Louvado sejas, Senhor!
pela nossa mãe, a terra,
que nos provê e guarda da indigência,
e nos produz seus frutos variados,
e as suas flores coradas e a erva.
Louvado sejas, Senhor!
por aqueles que por teu amor perdoam
e suportam fraqueza e aflição.
Bem-aventurado quem na paz confia,
que tu, Altíssimo, a esse hás-de coroá-lo.
Louvado sejas, Senhor!
por nossa irmã a morte corporal,
à qual não foge
homem algum que a vida respirou.
Morre em desgraça aquele que morreu
em pecado mortal;
e é bem-aventurado quem se encontra
em a tua santíssima vontade,
pois a esse não lhe pode fazer mal
a segunda morte.
Louvai e abençoai o meu Senhor!
e dai-lhe graças,
e servi-o,
com grande humildade.
- Cântico das Criaturas de S. Francisco de Assis
Tradução de Severo Portela, um dos protagonistas do movimento franciscanófilo português da primeira metade do séc. XX, que participou no volume Em louvor de S. Francisco (1927).
Altíssimo, omnipotente, bom senhor,
Só a vós os louvores, glória e honra, e bênção;
Que a vós somente eles pertencem,
Homem algum digno sendo de vosso nome proferir.
Louvado sejais, senhor meu, com todas as vossas criaturas,
Especialmente o irmão senhor sol,
Que faz o dia, e com o qual nos ilumina;
E que, belo e radiante, com grande esplendor,
De vós, oh altíssimo! é a imagem.
Louvado sejais, senhor meu, pela irmã lua e estrelas
Que no céu formastes, claras e preciosas e belas.
Louvado sejais, senhor meu, pelo irmão vento
E pelo ar, ou nublado ou sereno, e por todas as estações,
Com as quais, às vossas criaturas, dispensais sustento.
Louvado sejais pela irmã água
que é tão útil, humilde e preciosa e casta.
Louvado sejais pelo irmão fogo,
do qual a noite se alumia,
E que é belo, jocundo, vigoroso e forte.
Louvado sejais pela irmã nossa mãe terra,
Que nos sustenta e ampara,
E produz variegados frutos diversos, flores e ervas.
Louvado sejais, senhor meu, por aqueles que por vosso amor perdoam
E padecem enfermidades e tribulações:
Que felizes serão os que em paz as padeçam,
Porquanto, por vós, oh! altíssimo! eles serão bem-aventurados.
Louvado sejais, senhor meu, pela irmã nossa morte corporal,
À qual vivente algum pode escapar-se:
Desgraçados dos que morrerem em pecado mortal,
Felizes os que houverem satisfeito a vossa vontade,
Pois que a outra morte mal algum lhes fará.
Louvai e bendizei o senhor meu, e agradecei-lhe,
E servi-o com grande humildade.
- Cântico das Criaturas de S. Francisco de Assis
Versão de Afonso Lopes Vieira, um dos protagonistas do movimento franciscanófilo português da primeira metade do séc. XX, que participou no volume Em louvor de S. Francisco (1927).
Louvado seja Deus na Natureza,
Mãe gloriosa e bela da Beleza,
E com todas as suas criaturas:
Pelo irmão senhor Sol, o mais bondoso
E glorioso irmão pelas alturas,
O verdadeiro, o belo, que alumia
Criando a pura glória – a luz do dia!
Louvado seja p’las irmãs Estrelas,
Pela irmã Lua que derrama o luar,
Belas, claras irmãs silenciosas
E luminosas, e suspensas no ar.
Louvado seja pela irmã Nuvem que há-de
Dar-nos a fina chuva que consola;
P’lo Céu azul e pela Tempestade;
P’lo irmão Vento, que rebrama e rola.
Louvado seja pela preciosa,
Bondosa Água, irmã útil e bela,
Que brota humilde, é casta e se oferece
A todo o que apetece o gosto dela.
Louvado seja pela maravilha
Que rebrilha no Lume, o irmão ardente,
Tão forte, que amanhece a noite escura
E tão amável, que alumia a gente.
Louvado seja pelos seus amores,
Pela irmã madre-Terra e seus primores,
Que nos ampara e oferta seus produtos,
Árvores, frutos, ervas, pão e flores.
Louvado seja pelos que passaram
Os tormentos do mundo dolorosos,
E contentes, sorrindo, perdoaram;
Pela alegria dos que trabalharam,
Pela morte serena dos bondosos.
Louvado seja Deus na mãe querida,
A Natureza, que fez bela e forte.
Louvado pela irmã Vida,
Louvado pela irmã Morte.
- Cântico das Criaturas de S. Francisco de Assis
Versão de Júlio Eduardo dos Santos, um dos protagonistas do movimento franciscanófilo português da primeira metade do séc. XX, autor de S. Francisco de Assis. Versão dos seus opúsculos… (1927).
Mui alto, omnipotente, bom Senhor,
Honra e glória a Ti só devemos dar,
Porque só Tu, Altíssimo as mereces,
Indignos todos nós de Te avocar!
Louvado sejas Tu, ó Senhor meu,
Por tudo de que Tu és criador,
Mormente o senhor sol, o nosso irmão
Que cintila com tão grande esplendor.
Sim, bendito e louvado sempre sejas
P’lo sol, que é belo e pleno de alegria,
Ele que Teu poder nos manifesta
E por si nos concede a luz do dia.
Louvado sejas Tu, meu bom Senhor,
Pela nossa irmã lua e p’las estrelas,
Que formaste no céu, omnipotente,
Tão preciosas, claras e tão belas.
E louvado também, perenemente,
Pelos nossos irmãos o vento e o ar,
P’las nuvens, p’lo sereno e todo o tempo,
Com que queres Teus filhos sustentar.
Louvado sejas Tu, ó meu Senhor,
Pela água, nossa irmã tão preciosa,
Mas igualmente humilde e também casta,
Que se nos dá tão útil, generosa.
Louvado sejas Tu, ó meu Senhor,
P’lo fogo que ilumina, forte, o mundo,
Dissipando da noite as negras trevas
E que é robusto, belo e mui jucundo.
Louvado sejas Tu, ó meu Senhor,
P’la nossa prestimosa madre Terra,
Que nos of’rece o pão, é nosso arrimo
E tantos frutos, ervas, flor’s encerra.
Louvado sejas Tu, ó meu Senhor,
Por todos que por Teu amor perdoam
E suportando dor’s tribulações,
Teu doce nome alegres abençoam.
Ditosos os que vivem resignados,
Armando a generosa e doce paz,
Porque por Ti, meu Deus, serão cr’oados!
Louvado sejas Tu, meu bom Senhor,
Pela nossa irmã morte corporal,
De que vivente algum pode livrar-se,
Imposto a todo o ser destino tal.
Ai do que num mortal pecado morre!
Mas feliz do que a vida for passando
A Tua santa vontade só cumprindo
E da morte segunda se livrando!
Ergam todos louvores ao Senhor!
Humildemente O sirvam e bendigam,
Cheios de gratidão por tanto amor!
- Cântico das Criaturas de S. Francisco de Assis
Tradução de Frei Fernando Félix Lopes, franciscano, historiador e escritor; tradutor dos Opúsculos de S. Francisco (1968); e autor da biografia O Poverello S. Francisco de Assis (1951), com várias edições ao longo da segunda metade do século XX.
Altíssimo, omnipotente, bom Senhor,
a ti o louvor, a glória, a honra e toda a bênção,
a ti só, Altíssimo, se hão-de prestar,
e nenhum homem é digno de te nomear.
Louvado sejas, ó meu Senhor, com todas as tuas criaturas,
especialmente o meu senhor irmão sol,
que faz o dia, e por ele nos alumia.
E ele é belo, e radiante com grande esplendor,
de ti, Altíssimo, dá ele a imagem.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã lua e as estrelas,
no céu as acendeste, claras, e preciosas, e belas.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão vento,
e pelo ar, e nuvens, e sereno, e todo o tempo,
por quem dás às tuas criaturas o sustento.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã água,
que é tão útil, e humilde, e preciosa, e casta.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão fogo,
pelo qual alumias a noite,
e ele é belo, e jucundo, e robusto, e forte.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra,
que nos sustenta e governa,
e produz variados frutos, com flores coloridas, e verdura.
Louvado sejas, ó meu Senhor,
por aqueles que perdoam por teu amor,
e suportam enfermidades e tribulações.
Bem-aventurados aqueles que perseveram na paz,
porque por ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, ó meu Senhor, por nossa irmã a morte corporal,
à qual nenhum homem vivente pode escapar;
ai daqueles que morrem em pecado mortal.
Bem-aventurados aqueles que cumpriram tua santíssima vontade,
porque a «morte segunda» não lhes fará mal.
Louvai e bendizei a meu Senhor, e dai-lhe graças,
e servi-o com grande humildade.
- Cântico das Criaturas de S. Francisco de Assis
Tradução de Jorge de Sena, grande poeta dos nossos dias, exemplo, entre muitos outros, dos que se inspiram no poeta de Assis.
Altíssimo, omnipotente, bom Senhor,
a Ti a glória, as honras, o louvor,
e todas as bênçãos.
A Ti só, Altíssimo, sejam dadas
e homem nenhum é digno de nomear-Te.
Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas,
especialmente o mestre irmão sol
que só por si madruga e que nos ilumina.
E ele é belo e radiante e com grão esplendor,
e de Ti, Altíssimo, ele é testemunha.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã lua e as estrelas
que no céu criaste claras e preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento,
e pelos ares sombrios ou serenos ou com todo o tempo
que são das criaturas mantimento.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água
que é tão útil e humilde e preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo
pelo qual de luzes se abre a noite
e é belo e alegre e é robusto e forte.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã a nossa madre terra
que nos sustenta e governa
e produz tantas frutas, coloridas flores, e as ervas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelos que por teu amor perdoam
e suportam enfermidades e tribulações,
benditos aqueles que tudo suportam em paz
e que, por Ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã a nossa morte corporal
da qual homem vivente algum há-de escapar,
ai daqueles que morrem em pecado mortal,
e benditos os que se encontram na Tua santíssima vontade
que a morte segunda não lhes fará mal.
Louvade e bendizede o meu Senhor, e graças dade,
servide-O todos com mui grã humildade.
- Cântico das Criaturas de S. Francisco de Assis
Tradução de Pedro Tamen, grande poeta dos nossos dias, exemplo, entre muitos outros, dos que se inspiram no poeta de Assis.
Altíssimo, omnipotente, bom Senhor,
a ti as honras, a glória e o louvor
e toda a bênção.
A ti somente, Altíssimo, competem
e ninguém é digno de te dizer o Nome.
Louvado sejas, meu Senhor, com tudo o que criaste,
especialmente o senhor irmão Sol
que dá o dia e por quem nos alumias.
É belo e radiante, com grande esplendor,
de ti, Altíssimo, nos dá o sinal.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Lua e pelas Estrelas;
no céu, as formaste, claras, preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão Vento
e pelo Ar e pelo cinzento, calmo ou qualquer tempo,
pelo qual às tuas criaturas dás sustentamento.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Água,
a qual é muito útil, preciosa, humilde e casta.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão Fogo,
por quem dás luz à noite
e é belo e alegre, robusto e forte.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa mãe Terra,
que nos sustenta e nos governa
e dá diversos frutos com coloridas flores e erva.
Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam por amor de ti
e sofrem doenças e trabalhos;
benditos os que sofrerem em paz
porque Tu, Altíssimo, os coroarás.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa morte corporal
a que vivente algum pode escapar;
ai dos que morrerem em pecado mortal,
benditos os que forem achados na tua santíssima vontade
porque a segunda morte lhes não fará mal.
Louvai e bendizei ao meu Senhor, e dai-lhe graças,
e servi-o na máxima humildade.
Seleção de
Frei Hermínio Araújo, ofm
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